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As hepatites virais são doenças infecciosas sistêmicas que atingem o fígado, provocando alterações leves, moderadas ou graves. A infecção é causada por um dos cinco tipos de vírus da hepatite: o vírus da hepatite A, o vírus da hepatite B, o vírus da hepatite C, o vírus da hepatite D e o vírus da hepatite E.
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Existem, no entanto, com menor frequência, o vírus da hepatite D, considerado mais comum na região Norte do país, e o vírus da hepatite E, que é menos comum no Brasil, com prevalência maior na África e na Ásia.
As hepatites B, C e D podem evoluir para a hepatite crônica, que tem como principais complicações a cirrose e o carcinoma hepatocelular. As hepatites A e E causam infecções agudas benignas, que evoluem para a cura sem necessidade de tratamento específico.
Dados do Ministério da Saúde indicam que o impacto dessas infecções é a causa de aproximadamente 1,4 milhões de mortes anualmente no mundo, seja por infecção aguda, câncer hepático ou cirrose associada às hepatites. Hepatite A
A transmissão da hepatite A é por meio fecal-oral (contato de fezes com a boca), por água e alimentos contaminados, contato próximo com pessoas infectadas ou por relações sexuais. Por isso, é muito comum ocorrer epidemias por hepatite A em locais em que as condições de higiene e saneamento são mais precárias. Na maioria dos casos, é uma doença de caráter benigno; contudo, o curso sintomático e a letalidade aumentam com a idade.
Os sintomas costumam aparecer de 15 a 50 dias após a infecção e duram menos de dois meses. Os principais sinais são:
Cansaço e mal-estar;
Tontura;
Enjoo e vômitos;
Febre baixa;
Dor de cabeça, dor na barriga e dor muscular;
Pele e olhos amarelados;
Urina escura e fezes claras.
Não há nenhum tratamento específico para hepatite A. O ideal é que o paciente repouse, tenha boa alimentação e mantenha-se hidratado. No entanto, em alguns casos, poderá ser prescrito por um médico o uso de medicamentos para aliviar os sintomas. O paciente deve evitar a automedicação, visto que o uso de medicamentos desnecessários ou que são tóxicos ao fígado podem piorar o quadro. Em casos graves, a hospitalização pode ser necessária. Hepatite B
A transmissão da hepatite B pode ocorrer através de relações sexuais sem preservativo com uma pessoa infectada, da mãe infectada para o filho durante a gestação e o parto, por compartilhamento de material perfurocortante, além do contato com sangue e secreções de uma pessoa infectada. Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) mostram que ocorrem 10 mil novas infecções por hepatite B a cada ano, sendo 23 mil resultando em mortes.
A hepatite B tem uma evolução silenciosa. Na maioria dos casos, o diagnóstico ocorre após décadas da infecção. Quando surgem os sintomas, eles se manifestam com:
Enjoos;
Vômitos;
Cansaço;
Febre baixa;
Falta de apetite;
Dor abdominal;
Dor nas articulações e nos músculos;
Cor amarelada na pele e olhos, urina escura e fezes claras.
Segundo a Opas, estima-se que 18% das pessoas que vivem com hepatite B foram diagnosticadas e dessas, apenas 3% estão realizando tratamento. O diagnóstico é realizado por meio de exame de sangue para detectar a presença e quantidade do vírus na circulação sanguínea.
Quando positivo, o tratamento será realizado com antivirais específicos, disponibilizados no Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite B e Coinfecções (PCDT Hepatite B). É fundamental que o paciente evite o consumo de bebidas alcoólicas. A infecção não tem cura, porém, o tratamento contribui para o retardamento da progressão da cirrose, redução da incidência de câncer de fígado e melhora da sobrevida em longo prazo. Hepatite C
As principais formas de transmissão da hepatite C ocorrem por contato com sangue contaminado, pelo compartilhamento de agulhas, seringas e outros objetos perfurocortantes, falta de esterilização de equipamentos de manicure, procedimentos invasivos sem os devidos cuidados de biossegurança, relações sexuais sem o uso de preservativos e transmissão da mãe para o filho durante a gestação ou parto. De acordo com estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), a hepatite C, a cada ano, causa 67 mil novas infecções e 84 mil mortes.
Na maioria dos casos, os infectados não apresentam sintomas, sendo portadores do vírus sem que saibam. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 80% das pessoas não apresentam qualquer manifestação da hepatite C. A Opas aponta que apenas cerca de 22% das pessoas cronicamente infectadas por hepatite C foram diagnosticadas, sendo que somente 18% delas estão recebendo o tratamento. No entanto, alguns indivíduos podem manifestar alguns sinais da infecção, são eles:
Dores abdominais, dores nos músculos e articulações;
Urina escura e fezes claras;
Cor amarelada da pele e dos olhos;
Dor na região superior direita da barriga;
Cansaço excessivo;
Barriga inchada.
Por ser uma infecção silenciosa, a hepatite C é diagnosticada em sua fase crônica. Geralmente, a detecção da patologia ocorre após a realização do teste rápido de rotina ou por doação de sangue. Existem exames de sangue específicos para detectar a presença do vírus no organismo.
A hepatite C tem cura. O tratamento deve ser sempre indicado por um médico, que irá prescrever o uso de medicamentos antivirais por aproximadamente 6 meses. Hepatite D
As formas de transmissão da hepatite D são idênticas às da hepatite B, ocorrendo por meio de relações sexuais desprotegidas com uma pessoa infectada, da mãe infectada para o filho, durante a gestação e parto, compartilhamento de materiais perfurocortantes, por contato com feridas e secreções de pessoas infectadas.
Assim como na hepatite B, esse tipo de hepatite geralmente não apresenta sintomas. Quanto surgem, no entanto, podem manifestar sinais como:
Cansaço;
Tontura;
Enjoo e/ou vômitos;
Febre;
Dor abdominal;
Pele e olhos amarelados;
Urina escura e fezes claras.
O diagnóstico sorológico da hepatite D é baseado na detecção de anticorpos do vírus no sangue. Quando o paciente apresenta resultado positivo, o médico indicará o tratamento de acordo com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite B e Coinfecções. De acordo com o Ministério da Saúde, os medicamentos não ocasionam a cura da hepatite D, sendo que o objetivo principal do tratamento é o controle do dano hepático. Além do tratamento medicamentoso, o paciente não deve consumir bebidas alcoólicas. Hepatite E
As principais formas de transmissão do vírus da hepatite E ocorre pela via fecal-oral e pelo consumo de água contaminada. Além disso, existem outras formas de transmissão como a ingestão de carne mal cozida ou produtos derivados de animais infectados, transfusão de produtos sanguíneos infectados e transmissão de mãe para o bebê.
A hepatite E geralmente é assintomática, sobretudo em crianças. Quando surgem sintomas, eles se manifestam das seguintes formas:
Fadiga e mal-estar;
Febre;
Dores musculares;
Enjoo e/ou vômitos;
Dor abdominal, constipação ou diarreia;
Presença de urina escura;
Pele e os olhos amarelados.
A hepatite E fulminante, segundo o Ministério, ocorre com mais frequência durante a gravidez. As mulheres grávidas com hepatite E apresentam maior risco de insuficiência hepática aguda, perda fetal e mortalidade. Até 20% a 25% das mulheres grávidas podem morrer se tiverem hepatite E no terceiro trimestre. O diagnóstico é realizado por meio de um teste para pesquisa de anticorpos contra o vírus da hepatite E, sendo coletada uma amostra de sangue, ou por meio da pesquisa de partículas virais nas fezes. Normalmente, a infecção se cura por conta própria no período de quatro a seis semanas, sendo necessário apenas repouso, alimentação equilibrada e hidratação. Formas de prevenção
As medidas preventivas contra as hepatites virais englobam diversos fatores como saneamento básico, higiene pessoal adequada, uso de preservativos em relações sexuais, uso de agulhas e seringas descartáveis, não compartilharde objetos perfurocortantes – barbeadores, agulhas, instrumentos de manicure e pedicure. Existem vacinas para as hepatites A e B. No caso da hepatite B, mesmo que sem cura, a vacina contra essa infecção é disponibilizada para toda a população de forma gratuita no SUS, por meio das Unidades Básicas de Saúde. A hepatite C não possui vacina, no entanto, existem medicamentos que possibilitam sua cura. Atualmente, segundo o Ministério da Saúde, existem testes rápidos para a detecção da infecção pelos vírus B ou C, que estão disponíveis no SUS para toda a população.